19/08/2013

Equador: as contradições ambientais da esquerda populista

O presidente Rafael Correa, conhecido pela sua ousadia em afrontar as oligarquias tradicionais e os grandes interesses estrangeiros, acaba de tomar uma decisão que os ambientalistas consideram um enorme recuo.

Contrariando a sua posição anterior, o governo equatoriano mostra agora abertura à exploração do petróleo na floresta de Yunani, um santuário onde num único hectare existem mais espécies animais e vegetais que nos EUA e Canadá juntos, além de viverem ali os Huaorari e uma outra tribo, ainda não contaminados pela chamada civilização.

O Equador havia reivindicado aos países desenvolvidos uma indemnização de 3,6 biliões de dóls. - cerca de metade do valor das reservas em petróleo da região - para desistir de explorar aquele petróleo, mas não viu suas  pretensões atendidas.



É típico dos governos populistas latino-americanos esta contradição entre os interesses indígenas e ambientais, gravemente ameaçados, e aquilo que é (impropriamente) designado por desenvolvimento.

Já os países "desenvolvidos" também têm elevadas responsabilidades. Os EUA praticam um discurso ambientalista para fora, mas dentro mantêm políticas altamente consumistas e agressivas, as quais estão na origem da catástrofe ambiental de que a humanidade se abeira a passos largos.

O resultado prático desta dupla irresponsabilidade é a eminente ameaça de destruição dos biomas florestais que no subcontinente  se mantiveram preservados milhares de anos e que se julgava indestrutíveis. A verdade é que eles podem desaparecer em uma ou duas décadas de avanço selvagem do pseudo-desenvolvimento.  Os efeitos são imprevisíveis, mas nunca deixarão de ser desastrosos.




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