16/01/2013

MAIS DE METADE DOS PAÍSES DO MUNDO NÃO SÃO LIVRES

Divulgo um link para o relatório da Freedom House, sobre liberdade no mundo, pedindo que leiam o meu comentário abaixo:

COMENTÁRIO

Uma fundação fortemente ligda ao establishment norte-americano a classificar países quanto ao seu grau de liberdade, é insólito.

É que o nível de democracia nos EUA deixa muito a desejar. Um país onde a Polícia dispara só por desconfiar que alguém tem uma arma. Onde se leva réus comuns acorrentados como animais perante o tribunal. Onde, segundo um relatório de 2005,  8% dos homens negros estavam na prisão e 1 em cada 32 americanos - 7 milhões (!) no total - estavam atrás das grades, dos quais 800.000 em saída condicional. País onde quem não for muito rico ou apoiado por ricos não tem hipótese de ganhar eleições. Onde se contam 50 lóbistas em média por cada senador, ao serviço dos grandes interesses económicos. E às claras, como se fosse normal.

Nota posterior à publicação deste artigo: Recentemente (Fevereiro 2014) passou num dos canais portuguesas uma reportagem chocante sobre erros judiciais e motivos fúteis que podem levar à prisão nos EUA que revelava, entre muitos dados, serem os EUA o país com maior população encarcerada e com maior nº de estabelecimentos prisionais do mundo todo.

Num país destes a democracia é no mínimo discutível.  Eu diria, virtual. 

Já não falando na democracia económica e social. Essa, só para rir de riso amarelo - quando uma vítima grave de acidente é rejeitada no hospital por não ter seguro de saúde...  (e não se iludam, a situação é corrente - vidé "Sicko" de Michael Moore: http://vimeo.com/27262137).

Um país que mantém a sua Economia crescendo à custa de triliões de dólares injetados à socapa, valendo-se de o dólar ser a principal moeda mundial. Não é à toa que as tentativas de destronar o dólar dessa função valeram as guerras do Iraque e do Afeganistão - não foi pelo petróleo, como se diz -  e agora a guerra contra o euro. Mais palavras para quê?


FALANDO DOUTRAS COISAS - OS RISCOS DO ATIVISMO - 

Mas começo a pensar se vale a pena gastar o meu "latim"...

Afinal, isso só faz correr riscos pessoais - é que "eles" andam por aí, espiando e perseguindo.

Ao falar de riscos, claro, só os corre quem é ativista.  Ativista a sério, não daqueles que ganham dinheiro através das ONGs,  proclamando generalidades sem nunca pôr o dedo na ferida. Mas esses é que são os espertos... ou não? Vamos ver,  é no final que se fazem as contas.

E correr riscos físicos, ou sofrer assédio moral na internet, apenas por criticar "hidrelétricas" em meio florestal virgem, em países que muitos estrangeiros ingénuos ainda vêem como "verdes" e onde "todo o mundo é feliz". Trivialidades, numa civilização mediática dominada pelo superficial bombástico.

DESPOLITIZAÇÃO DAS NOVAS GERAÇÕES

Nós, os filhos do Maio 68, das grandes crises académicas de Coimbra 68 e Lisboa 69, daqueles fantásticos "meetings" semanais  que punham em causa tudo, desde a ditadura à guerra colonial, desde a sexualidade machista ao capital monopolista.

Nós, a geração hiper-politizada dos 70's, que devorávamos Sartre, Trotsky, Marx, Lenine, Rosa Luxemburgo, Mao, Giap, Sweezy, Gramsci, Bettelheim, S. Amin, P. Freire, C. Furtado, E .Fromm, Freud. Que olhávamos os futuristas portugueses, e Godard e Wenders, e o Apocalipse Now ou o Paris Texas. Que  ouvíamos Zeca, Adriano, Zé Mário, Fausto, e os Beatles, os Doors, o Brel, o Chico. Que nos organizámos clandestinamente contra o fascismo, acreditando poder transformar o mundo numa coisa mais humana e fraterna. 

E hoje, no pós-muro de Berlim, disseminada a ditadura ideológica do "pensamento único" capitalista, deparamo-nos com gerações despolitizadas, cabeças cheias de ruído ideológico, fruto, quer duma vida supostamente cómoda, quer de professores universitários pretensiosos, armados até aos dentes de tralha cultural passadista,  nomeadamente nas ciências sociais. Tralha que, na verdade, tem muito pouco de científico...

E ter que repetir as mesmas coisas, em Portugal, porque aparentemente muitos não perceberam que vão sofrer em breve os mesmos roubos  brutais de que os outros já foram alvo - e continuam a alinhar no palavreado venal dos partidos ou dos media. Quando perceberão que "isto só dá a volta" na rua e em massa - como foi com Timor ou, mais recentemente,  no 15 de Setembro 2012 - mas agora para parar tudo?

AUSTERIDADE OU DESTRUIÇÃO?

Custará assim tanto perceber que o objetivo das políticas ditas de austeridade, que anteriormente este governo ainda justificava, mas agora já nem se dá a esse trabalho - limita-se a dizer, com ar displicente, depois de impôr o maior aumento de IRS de que há memória, isto num ano que eles previam como da retoma económica"Sabem, o IRS tem este "aumentozito" agora, em 2013, mas preparem-se, vamos ter que cortar mais 4.000 milhões em 2014".

Mas porquê? E isto não pára mais? - Pergunta o pobre do contribuinte. Resposta: "Ora, porque sim, porque o FMI disse"...

A perfídia destes políticos parece não ter limites. São medíocres e incultos, mas para fazer o mal, aprendem rápido.  Entretanto privatizam e passam para mãos estrangeiras as grandes empresas lucrativas  do Estado. Porque as deficitárias, essas, o Zé do Pagode que pague...

Não perceberão as gentes deste País que, com um tal rumo, Portugal, ou termina mesmo, ou se transforma numa mera colónia? Será que gostam de "virar" 3º Mundo capacho de estrangeiros, nesta fase de profunda crise do  capitalismo de casino?

E não, não é nenhum radicalismo dizê-lo... Há quem antecipe os acontecimentos, eu costumo ser um deles.  Em matéria de política, pelo menos. Passe a imodéstia de quem já anda nestas coisas há umas décadas.





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